quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O jornalismo devoto ao interesse público


Há quem diga que a imprensa deve apenas informar e não fiscalizar. Esse pensamento vai contra a ideologia do quarto poder que diz o contrário: a imprensa deve vigiar os outros três poderes republicanos em defesa dos cidadãos. Essa idéia surgiu com a assimilação de que em uma democracia é fundamental que a opinião pública esteja bem equipada. Então filósofos questionaram: quem vai abastecer a opinião pública? E então a imprensa tomou o posto. Agora ela seria como o “cão de guarda” da sociedade. ,

Atualmente, há argumentos de que a imprensa não é mais, no Brasil, o quarto poder. O Ministério Público,que é um dos órgãos responsáveis por investigações no poder público, tomou tal posto. Em entrevista , o jornalista do jornal Correio Braziliense, Victor Martins, disse que "atualmente, o jornalismo é uma mistura do idealismo, que se conhece na faculdade, e do realismo, que se conhece nas redações". Para ele, os jornalistas não representam o povo, apenas prestam serviço de informação. Martins descorda que a imprensa siga a ideologia do quarto poder:

“Não representamos as vontades do povo, para isso existe a câmara dos deputados e as assembléias legislativas. Enquanto repórteres representamos, na prática, a nós mesmos e o nosso patrão. Não fomos eleitos pela população para sermos jornalistas. Não escrevemos somente sobre aquilo que o público quer ler. Escrevemos acerca daquilo que julgamos que eles precisam ler e, muitas vezes, falamos sobre o que o público não precisa ler e nem tem interesse de saber. Perguntamos ao nosso editor o que ele quer. Avaliamos a história para ver se ela tem noticiabilidade. Por isso nós não podemos representar a sociedade.”(entrevista em 21out/09)

Ou seja, é um próprio jornalista que diz a respeito da decadência do pensamento do profissional do jornalismo como cão de guarda da sociedade. O que Martins afirma, é o que os comunicadores, Nelson Traquina e Ramonet( do Le Monde Diplomatique), relatam que aconteceu com o ideal da imprensa: a perda de seu sentido como um quarto poder .

Nessa mesma ideia, foi o que o atual Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou a respeito da função da imprensa: “A imprensa tem de informar. Para ser fiscal, tem Tribunal de Contas da União, Corregedoria-Geral da República, um monte de coisas". (Folha de São Paulo, 22out/09, pág. A2).

Na opinião do cientista político, Leonardo Barreto, a declaração do presidente é equivocada. “Faz parte da profissão de jornalista realizar uma fiscalização das várias dimensões da vida social, especialmente da esfera pública. Sem uma imprensa vigilante, não há controle dos governados sobre os governantes. Sem esse tipo de controle, não há democracia”. Barreto pensa como a ideologia do quarto poder.

O jornalista Victor Martins, explica o por quê que as pessoas tem essa visão da imprensa:

“Realmente podemos ser considerados uma espécie de ‘cão de guarda’ da sociedade. No meu atual ponto de vista, somos esse cão muito mais por instinto do que por uma bondade e senso de justiça. O instinto é o de ver o ponto fora da curva e alardear a existência dele. Tudo que estiver fora do lugar pode ser uma matéria, por isso passamos a sensação de estarmos de olho e fiscalizando. Somos obcecados por pauta e reportagem. Realmente estamos fazendo essa investigação constante do dia, mas a fazemos por instinto, para ter a manchete do dia seguinte. Confesso que quando pegamos um corrupto, temos a sensação de que fizemos nossa parte para construir um mundo melhor. E é nesse ponto do discurso que voltamos ao idealismo da faculdade”.

Esse debate, sobre o papel da imprensa, é válido para os futuros profissionais da área. Deve ser considerado que antes do jornalista se colocar ante a sociedade como profissional, ele tem que se colocar como cidadão. Se ele for alguém patriota e tiver devoção ao interesse público, por que não colaborar com a sociedade por meio da sua profissão? Cada cidadão tem que enfrentar a tamanha falta de ética que existe nos poderes públicos. Todavia, pode ser válido o discurso de que tudo vai melhorar se a mudança começar no ser como indivíduo. É nesse ponto que o ser cívico, o patriota, pode escolher renunciar certos benefícios por amor à sua nação. É deixar de "ganhar mais" e conservar sua ideologia, sua postura, como uma pessoa devota à patria, e se sentir satisfeito por isso. É bem verdade que tais ações não parecem possíveis em sua totalidade.

Como conclusão, é apropriada a opinião de Victor Martins: “Somos um misto de sentimentos e ações contraditórias, como rege a teoria de múltiplas identidades e a da relatividade. Fazer jornalismo é representar o seu patrão, se representar, preocupar-se com o salário para sustentar a família e esperar que o seu trabalho possa ajudar a construir um mundo melhor”.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Olhar Registrado 3



BRASÍLIA para QUE te queRO ?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pré-estréia do filme de Lula foi tumultuada

Com mais de uma hora de atraso, o filme ‘Lula, o filho do Brasil’, abriu o 42º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A sessão no Teatro Nacional, somente para convidados, foi tumultuada. Mais de 1500 pessoas lotaram a Sala Villa-Lobos. Não coube nas 1300 poltronas e o que restou foi sentar no carpete das escadas.

Antes de a projeção iniciar, a má organização da Secretaria de Cultura do DF, gerou confusão. Um grupo afim do ex-ativista italiano, Cesare Battisti, subiu ao palco, sem nenhum impedimento de seguranças, com uma faixa que dizia “Lula, liberte Cesare”.

Luiz Carlos Barreto, produtor do filme, criticou a superlotação e disse que se houvesse algum incidente as pessoas corriam 'risco de vida'. “Eu queria pedir para que as pessoas que estão nas escadas saiam e nós faremos uma sessão extra logo após”, disse o diretor. O público reclamou e uns gritavam “cala a boca”, “sai daí”.

Passado o microfone para a produtora, Paula Barreto, mais um pedido: “A organização do evento esqueceu de reservar lugar para o elenco do filme que está presente aqui. Nós precisaríamos que algumas pessoas cedessem lugar para eles”.Novamente, a resposta do público em vaias e berros como “Cléo Pires senta aqui comigo”.

A sessão só foi começar quando Glória Pires, Juliana Baroni, Lucélia Lins, Rui Ricardo Dias (interprete de Lula) e outros atores do elenco, conseguiram assento. A primeira dama, Marisa Letícia, foi a estrela do evento. Dilma, uma promessa da noite, não compareceu. Quem ficou sem lugar foram os ministros Alexandre Padilha (Assuntos Estratéticos), Orlando Silva (Esporte) e Paulo Bernardo (Planejamento).

Quando o filme começou os ânimos se acalmaram. Baseado no livro de Denise Paraná, o longa conta desde o nascimento de Lula até seu envolvimento com o sindicato. As cenas vão do cômico ao drama. No fim, muitos aplausos, mas também uma certa pressa para sair.

No coquetel, servido após o filme, muitas opiniões. O presidente do PT, Ricardo Berzoini criticou: “Devia ser mais trabalhado na dramaturgia. Achei que o diálogo foi fraco”. O consultor cultural, Ivan Presença, também criticou o filme: “Faltou glamour. Foi muito água com açúcar. A coisa parece que desandou, ficou algo seco”.

Para o assessor de Lula, o economista Erick Brigante, as críticas são recorrentes por causa do público específico. “A maioria das pessoas que estão aqui já conhecem bem a história ou são cineastas que analisam tecnicamente. Vamos ver o que o povo vai achar. Tem gente que conhece, mas não sabe os detalhes da história e isso pode emocionar”, afirmou Brigante.

O filme estréia nos cinemas dia 1º de janeiro de 2010. Com gastos de R$ 12 milhões na produção, as expectativas são de alcançar um público de 20 milhões e render mais de R$ 100 milhões. O diretor, Fábio Barreto, incentiva: “O filme é uma homenagem ao povo brasileiro”.